quarta-feira, 10 de abril de 2019

Depois da tempestade sempre vem ....

O bairro do Horto, na Zona Sul do Rio de Janeiro, sempre foi pra mim, associado a momentos agradáveis.
Afinal de contas, pelo menos uma vez por mês, tenho a alegria de passar por ali, em direção a Vista Chinesa e à Mesa do Imperador, com o grupo da AACS (Associação dos Amigos dos Caminhos de Santiago), para o picnic mais etílico que conheci em toda a vida !!
Fazemos e encontro com o proposito de integrar o grupo e comemorar as idas para quem já foi ou para quem ainda vai fazer o Caminho de Santiago de Compostela - na Espanha.

Então, estar ali é sempre uma grande alegria. 
Porém hoje, minha estada no Horto tinha um outro caráter, nada festivo ou comemorativo.
Desde a última segunda-feira (de tarde), fortes chuvas castigam a cidade "maravilhosa" causando confusão e transtornos.
O saldo de mortos foi de 10 pessoas, em diferentes pontos da cidade .... afogamento, desabamento de casa, de árvores, de pedras e terra, eletrocutamento.
Uma tristeza só.
Minha mãe me comunicou a necessidade de voluntários, convocada pela associação de moradores do Horto, para um mutirão  - a Zona Sul (assim como a Oeste) foram as áreas mais atingidas pelo temporal.
Como desde que voltei de viagem não havia ainda arrumado trabalho, estava 100% livre para poder ajudar .... e lá fui eu.
Muitas das vias da cidade estavam fechadas e pequei quase três horas de deslocamento, para chegar, tudo parado.
Ainda na Gávea passei pela grande e centenária árvore que ainda se debruçava sobre o ônibus da linha 435, desde a tarde do dia anterior.
O Jardim Botânico havia alagado todo e não tem previsão de ser aberto.
Lama nas ruas, parte seca, parte em poças, e carros ainda abandonados, davam a dimensão do que a chuva causou naquele lugar.
Trabalhei, em parte na entrada da comunidade, junto à ponte da guarita.
Muito sujo ali, pois é onde está o caminho da água e de tudo que ela arrastou, galhos de árvores, troncos inteiros, plantas da floresta, pertences diversos das casas das pessoas (móveis, documentos, roupas, alimentos, etc.) .... a vida de quem não conhecemos flutuando diante de nossos olhos.
Triste ver alimentos, sabe-se lá, adquiridos com qual esforço, inutilizados.
Trabalhei, em parte, na Escola Municipal Julia Jubstchek, que está edificada bem do lado de um córrego, acho que ali é o Rio dos Macacos.
A passagem destas  águas destruiu o muro de diversas casas que estão na comunidade do Horto.  
Com força, entrou nas residências e levou tudo, quando não derrubou estas edificações, claro.
Mas que bom, ao menos ali, ninguém perdeu sua vida !!
Ofereci o que eu podia, naquele momento, e de todo coração. 
Estou grata de nada ter acontecido com minha família, amigos e pessoas próximas.
E a vida vai seguir para todos, ricos e pobres, afinal enquanto respiramos, estamos sujeitos a tudo .... uma não lava a outra e não sabemos o dia de amanhã !!

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