quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Fortaleza de Santa Cruz da Barra

    Que lindo passeio fiz em 25 de agosto de 2012 !

Meus pés me levaram, desta vez,  á Fortaleza de Santa Cruz da Barra , em Niterói , no bairro de Jurujuba.
 O passeio começou na estação de barcas da Praça XV de Novembro , no centro do Rio de Janeiro , num navio chamado Itaipú.
A tarifa é de R$ 4,50 (somente R$ 3,10 na integração , com o Bilhete Único) e o trajeto dura 20 minutos em média.  Chegando à Praça Arariboia localizamos o terminal rodoviário , na foto abaixo , e tomamos o ônibus 33 (Jurujuba), tarifa de R$ 2,75 , numa duração aproximada de 40 minutos até o ponto final. 
SIM , iremos de ponto final a ponto final.  O ônibus estava cheio e tive de me levantar e dar lugar a uma senhora com bebê.
Ainda assim deu pra ver o belo litoral ensolarado da Praia de Icaraí (com o magnífico MAC) , São Francisco e Charitas.
 Esse caminho despertou a vontade de voltar, brevemente, ao outro lado da "poça d'água". 
Bem , do ponto final do 33 seria interessante pagar um outro ônibus (que vai até dentro da fortaleza, porém, não é regular e não dá para contar com ele). 
Fora que, dependendo da lotação das praia , às vezes ele nem circula. 
Infelizmente , descobri que o melhor teria sido ir de carro. 
Da entrada oficial até a fortaleza, propriamente dita, são 1500 metros que eu fiz caminhando, em quase 40 minutos (com paradas para fotos, claro).
Mas não tem calçada para pedestres (não vi ninguém subindo a caminhada para lá) e devemos ter atenção com os veículos que sobem e descem. 
Também não se vê ninguém no caminho, mas não dá medo por se tratar de uma área militar ... eu, pelo menos , me senti segura.

A entrada (que é uma pulseira) custa R$ 6,00, com possibilidade de meia-entrada para estudantes (R$ 3,00). Militares, menores de 6 anos e maiores de 60 anos, não pagam.
Por ser uma área militar e uma fortaleza 100% ativa, a visitação é somente com grupo guiado ... você entra com um guia militar, pronto a explicar tudo sobre a história do local. Não existe possibilidade de ficar , assim , tipo "soltinho" , no espaço da fortaleza. Você entra e , em 45 minutos (tempo médio de visitação) , sai com o rapazinho que guiou o grupo.
Ele pede que prestemos atenção às informações e depois permite que se fotografe , evitando a área à direita do passeio , que é considerada de segurança nacional.

Em 1555, o Almirante francês Nicolau Durand de Villegaignon montou duas bocas de fogo no pequeno promontório localizado à direita de quem entra na barra do Rio , controlando o canal
, e alcançando com fogo os Fortes de Copacabana, Laje, São João e Imbuí. 
Na foto acima, o jovem militar que guiou o nosso grupo. Estava instalada a fortificação que seria dominada em 1567 pelo Governador-Geral Mem de Sá e elevada, no mesmo ano, à categoria de Bateria, por Salvador de Sá, que lhe deu o nome de Bateria de Nossa Senhora da Guia. 
Em 1599 impede-se , da fortificação , a entrada na baía de Guanabara da esquadra do corsário holandês Oliver Van Noorth.
Já em 1612, contando então com vinte bocas de fogo, passa a ser chamada de Fortaleza de Santa Cruz da Barra, tendo seu regimento aprovado em 24 de Janeiro de 1613 por D. Álvaro Silveira e Albuquerque Governador da cidade, que foi o responsável pela ordem de construção de cinco celas na 
rocha , com dois metros de altura e sessenta centímetros de largura , destinadas a presos políticos.
Isso para não falar dos calabouços usados para isolar os corsários , os pilhadores de guerra , segundo o nosso guia , que não recebiam água , comida , não recebiam luz solar e ficavam abandonados à umidade do local ... resultado: ou morriam doentes ou enlouqueciam. 
Dá uma olhada num dos calabouços , na foto acima !!
Durante todo o século XVIII e até o início do século XIX à Fortaleza é mantida em completo e permanente estado de guerra.
Em Dezembro de 1831 passa a funcionar como presídio político, contando com câmara de tortura e praça de enforcamento. 
Esta situação perdura até 1911 e a Fortaleza volta a ser presídio do Exército em 1968.




 No século XIX, década de 60, as instalações são ampliadas: constroem-se duas ordens de casamatas (vinte no 1º andar e vinte e uma no 2º) e uma bateria com canhões de 
maiores calibres, erguem-se as muralhas, é concluída a reconstrução do paiol de pólvora e, ao lado do paiol grande, é construído um salão com mais de 200 m², com teto de pedras de granito abobadadas, talhadas a mão e ligadas com óleo de baleia , cal e mariscos triturados. 
Em 1882 , a Fortaleza é dotada de enfermaria, farmácia e iluminação a gás carbônico.
Dá hoje a impressão de ser uma estrutura bem autônoma para quem lá permanece , em permanente vigilância , embora , nos tempos atuais , raramente a ameaça virá do mar !!




 Nessa ocasião, a Fortaleza sedia o quartel do 1º Batalhão de Artilharia a Pé, criado em 18 de Novembro de 1879. A 1º de Agosto de 1917 é criado o 1º Grupo de Artilharia de Costa. 
A 5 de Julho de 1922 a Artilharia bombardeia o Forte de Copacabana e a 4 de Novembro de 1924 responde a bombardeio do encouraçado São Paulo que, entretanto, consegue transpor a barra. 
O último disparo produzido pelas tropas da Fortaleza de Santa Cruz foi um tiro de advertência, em 1955, contra o cruzador Tamandaré.
A Fortaleza de Santa Cruz, com seu complexo arquitetônico imponente e grandioso, causa ao observador o impacto do susto e o apaziguamento da beleza. 
As celas de prisioneiros, a lembrança das câmaras de tortura, as grades impenetráveis que miram a antiga forca vigiada por guarita interna, as marcas de fuzilamento no paredão, falam de tempos remotos e até mais recente que devem ser documentados para não serem repetidos. 
Na foto anterior , o farol , que funciona até hoje !!
Nesta foto , acima , na entrada da Baia de Guanabara , a menor distância entre Niteroi e o Rio de Janeiro ... 

A capela de Santa Bárbara merece atenção especial na visitação. Existem algumas lendas e muita história em relação à esta edificação. 
Por exemplo, a história da jovem Iracema que , apaixonada por um soldado , e tendo o romance impedido por seu pai , resolve abrir mão de sua vida e se joga das muralhas da fortaleza. 
Seus restos mortais foram recuperados e guardados numa caixinha , que fica exposta nas paredes da capela. 
Sua melhor amiga , Lais , morta 18 anos depois, hoje faz companhia à amiga. Sua urna está ao lado da de Iracema.
Uma outra lenda é a da santinha , uma escultura em madeira maciça (na foto acima) , com 1,73 m de altura. 
Quando a imagem de Santa Bárbara chegou foi imediatamente depositada em lugar de destaque na capela. 
Anos depois , descobriram que houve uma confusão no momento da entrega desta sagrada encomenda: ela deveria ser entregue no Forte de Santa Cruz e não na Fortaleza. 
Tentaram desfazer o mal entendido e no dia de embarcar a imagem da santa e conduzi-la ao endereço correto , o mar se tornou revolto e o tempo fechou. 
Resolveram desistir e após uma nova tentativa, deparando com o mesmo obstáculo, resolveram deixá-la na Fortaleza de Santa Cruz mesmo.
E a expressão "um olho no padre e o outro na missa?" Quem nunca ouviu ? Dizem que se originou pelo fato de , quando ministrando missa  (para todos os militares  ao mesmo tempo, e isso era comum) , o padre se tornava o responsável por sua segurança. Naquele momento a fortaleza ficava desprotegida pelos militares .
A solução encontrada foi colocar uma janelinha, na lateral da capela, para que, enquanto rezava a missa, o padre pudesse olhar, através da mesma, a movimentação de embarcações, na entrada da baia de Guanabara.
A Capela , em estilo colonial, a visão do mar e do céu em eterno encontro e a presença da força do homem em construção que desafia a natureza, são elementos representativos da esperança de que a Fortaleza seja, para sempre, apenas isto: um documento histórico da capacidade humana, um lugar em que se encontre a possibilidade de reverenciar o encontro da produção cultural, artística e artesanal com o mundo natural.





















Local: Estrada Eurico Gaspar Dutra, s/nº- Jurujuba
Tel.: 3611.1209 / 2710.2354 / 2711.0725
De terça à Domingos e Feriados das 10h às 17h.
Ingresso: 
Adultos: R$ 6,00  
Estudantes: R$ 3,00 
Isentos - Militares do Exército Brasileiro e seus dependentes, guias da EMBRATUR, crianças menores de 06 anos e adultos maiores de 65 anos.

Fonte: http://www.niteroiturismo.com.br
Fotografia: A primeira foto desta postagem , com a fortaleza vista do alto e à distância , foi retirada da internet.