sábado, 22 de janeiro de 2011

Uma semana em Teresópolis ...

Teresópolis já estava nos meus planos bem uns quatro meses últimos. Não é tão longe do Rio e embora muitos tenham me dito que não havia nada de interessante a conhecer por lá , só atravessar a Serra dos Órgãos já veleria a subida. O Pico Dedo de Deus certamente mereceria vários clicks ... e eu planejava fazer minha primeira viagem por carro , e iria sozinha. Além de Teresópolis , passando por Guapimirim e chegando , ao término , à Nova Friburgo.

Seria uma semana completa na serra fluminense , locais onde nunca estivera antes. A entrada de Guapimirim convida para dias tranquilos em ambiente bem arborizado e com cara de "interiorzão" do Brasil. Já com relação à Nova Friburgo , o aspecto mudava. Era um lugar caracteristicamente turistico , com diversos pontos de interesse. O contato com os albergues , exceção Guapimirim , já estavam feitos e eu pagaria a estadia no ato do check in.
Os planos iam bem até que um acontecimento inesperado marcou , definitivamente , o roteiro desta viagem. No dia 12 de janeiro de 2011 , através do noticiário , tomei conhecimento que uma tempestade da madrugada havia isolado a cidade de Nova Friburgo das demais. Em seguida foi a vez de Teresópolis e Petrópolis (depois vieram , ainda , outras) , contarem prejuízos materiais e em vidas humanas. Uma verdadeira catástrofe !!!Saberíamos mais tarde que esta se tornaria a maior tragédia climática já ocorrida no país.
Meu pequeno mundo de mochileira desmoronou com parte daqueles morros encharcados de água e lama da serra.Teria como segunda opção , viajar até o final do mês de janeiro para Ilha Grande e Paraty , que eu conhecia mas que pensava passar mais tempo.Não , não passearia mais neste mês de Janeiro , já estava decidido.O coração de viajante apertava cada vez que via o jornal na tv , sobre os lugares que eu não poderia mais conhecer. Jamais seriam os mesmos , os que conheci em fotos ...
Caso à parte era a situação das pessoas desabrigadas e desalojadas.Fiquei triste por famílias inteiras desfeitas , pelos órfãos , pelos pais que viram seus filhos partirem precocemente. Não é todo dia que se presencia algo como o que aconteceu nas serras do Rio de Janeiro.Imagine perder tudo o que foi construído , muitas vezes com sacrifício de uma vida toda ?
Imagine perder parentes , amigos e não ter a chance ( muitas vezes desaparecidos) poder enterrá-los?Imagine uma família inteira destroçada?E eu não suportei mais assistir da telinha aquele sofrimento.Tenho saúde , vacinação em dia , disponibilidade integral de tempo ... resolvi , então , subir a serra. Eu teria feito isso para passear. Por muito , muito pouco mesmo , poderia ser uma das vítimas deste momento tão triste da história do Rio e do Brasil.
Cheguei uma troca de roupa e , na última segunda-feira , tomei um ônibus no Castelo com destino a Teresópolis. O ônibus partiu com poucos passageiros para a serra. Uma hora depois do início da viagem já apareciam os avisos em letreiros luminosos de trânsito de queda de barreira e de trânsito em meia pista. Isso devia ser passando pela Baixada Fluminense. Na subida da serra diversos homens trabalhavam na contensão das encostas. E são tantos os rios que passam pela Serra dos Órgãos !!! Uma vez ou outra , uma placa advertia de que as águas destes riachos poderiam subit repentinamente , sem qualquer aviso.
Ah ... o Dedo de Deus , cada vez mais próximo. Já depois de Guapimirim , a beleza da serra , que já ganhara considerável altura , a vista da Baia de Guanabara , do Corcovado e da Pedra Bonita , mesmo num dia nublado são deslumbrantes. O pico Dedo de Deus já na nossa cabeça , muito mais bonito do que em qualquer fotografia. Por causa de obras , passamos por vários pontos em meia pista e , pela quantidade de carros/ônibus , chega-se a esperar vinte , vinte e cinco minutos para dar a vez , ora lá , ora cá , e continuar a subida. Outro congestionamento bem no contorno de entrada de Teresópolis , este com no mínimo 30 minutos de espera. E , eis a cidade de Teresa !!!
A tv havia informado no sábado anterior (15/01/11) , que havia muita doação chegando e poucos voluntários para fazer a distribuição dos alimentos e roupas e que os interessados deveriam procurar a Defesa Civil de Teresópolis (Rua Julio Rosas , 444 - Tijuca - em Teresópolis) para fazer cadastramento.Eu até tentei ligar , antes , para confirmar se permanecia a procura de pessoas , com tempo para , uma hora ou outra , servir como voluntárias , afinal , não queria fazer este doslocamento sem necessidade. Não consegui falar com ninguem , daí resolvi arriscar. Chegando a cidade , tudo parecia funcionar normalmente , energia elétrica , lojas abertas , nenhum sinal de tragédia por lá. Os lugares mais afetados estavem mais distante , como Caleme , Brejal , Santa Rita , Campo Grande , entre outros.
Fui direto para lá , para a Defesa Civil , e me avisaram não haver mais a necessidade de voluntários pois a procura destes foi gigantesca , deixando uma lista imensa de contatos daqueles que se ofereceram em diferentes modalidades de ajuda : serviços gerais , atendimento psicológico e advocatício , resgate de corpos e sobreviventes , cozinha , condução de veículos , serviços de construção civil , etc , em resumo , atuariam no que fosse preciso.Me disseram que não havia necessidade de eu ficar por lá. Porém , quando falei que saí do Rio de Janeiro só para ajudar e que disponibilizaria uma semana de mão de obra para o que necessitassem , resolveram me agregar para trabalhar na própria instalação da Defesa Civil , na digitação das listas de voluntários em reserva. Fiquei lá algumas horas e depois fui para o Clube do Várzea , onde conseguiria , além de trabalhar , um lugar para pernoitar.
O Várzea Futebol Clube é um amplo espaço esportivo e de entretenimento de Teresópolis.

De lá estavam partindo os helicópteros para resgate de vítimas , num sobe e desce frenético.Fiquei lá até o anoitecer separando peças de roupas para os desbrigados. A distribuição é por sexo e tamanho , ensacando em seguida , identificando e liberando para a entrega. là os voluntários faravam muito do "Pedrão" , aonde estava a maior parte dos desabrigados.
Eu poderia até dormir no Várzea , que estava em funcionamento 24 horas por dia , mas como a maioria do pessoal que ficava lá eram os bombeiros e policiais , todos homens , preferi tentar me alojar no "Pedrão" onde teria contato direto com as famílias vítimas dos desmoronamentos.Já eram umas 10 horas da noite quando cheguei ao "Pedrão". Consegui , então , um lugar pra ficar , pois as vitimas estavam sendo remanejadas para outros abrigos. Conhecido como "Pedrão" , o estádio Pedro Jahara , passaria a ser somente lugar de arrecadação e distribuição dos donativos.
Trabalhei descarregando caminhão , um trabalho bem cansativo , até à meia-noite , mais ou menos.Dai , tomei um banho , fui lanchar e dormi por volta das 2 horas da manhã.Conheci neste período que fiquei em Teresópolis , pessoas que estavam dando o melhor de si , na tentativa de amenizar o sofrimento dos que escaparam da morte nos últimos dias. Destaque para os srs. Sérgio e Aristides , coordenadores do espaço do "Pedrão". Graças a eles foi possível permanecer por lá todos os dias de trabalho que realizei como voluntária na serra. Conheci Norma , que estava desalojada nos últimos dias , impossibilitada de voltar pra casa por causo do mal cheiro de cadáveres ainda não resgatados. Ela também perdeu a sogra , cuja casa foi levada pela correntes e da qual ainda não havia recebido qualquer notícia. Até meu último contato com Norma , a sogra ainda estava desaparecida. Norma me ofereceu sua casa caso eum não encontrasse um lugar pra ficar. Desta maneira , e com oferecimento de ajuda diversa , meus trabalhos foram facilitados. Minha força de trabalho ficou localizada neste espaço poliesportivo , junto à rodoviária da cidade.Os voluntários tinham café da manhã às 09 horas , almoço às 12 horas , lanche às 16 horas e janta por volta das 18 horas. Trabalhei internamente todo o tempo. Não teria , certamente , estrutura de sair em resgate de corpos , até porque minha estrutura física é bem franzina. As redes de tv não saem das proximidades deste espaço e gravam , diariamente , dentro do "Pedrão". Estar lá , significa estar perto dos acontecimentos e do que esta sendo feito para ajudar as vítimas da situação. Antes de eu chegar , como disse , 300 pessoas desabrigadas conviviam neste espaço e devido a problemas de administração das pessoas e de recursos num mesmo território , resolveram separar as funcionalidades. Não tive a chance de estar com as pessoas desabrigadas. Eles foram para lugares seguros incluíndo igrejas. Muitos ficaram em casa de parentes ou não. Pessoas que tinham espaço , mesmo não conhecendo as pessoas , receberam desabrigados. Assim tem um lugar só para atender às pessoas desabrigadas e desalojadas , em abrigos , em espaços de convivência , e espaços mais administrativos , voltados aos trabalhos de organização de doações. O tempo estava carregado permanentemente e choveu os três primeiros dias. Na quarta-feira caiu a chuva mais forte. O medo era constante na cara das pessoas.

Meu trabalho era o mesmo do Várzea , separar as roupas para distribuição. Não estou acostumada a este tipo de esforço , e era um subir e descer as escadas , na verdade , a arquibancada do estádio , e carregando pilhas de roupas. A roupa é separada por idade (adulto e criança) e sexo , acumulada em sacolas e caixas e sempre manipulada com luvas descartáveis.

Eu deveria , mas não quis usar máscara cirúrgica e acabei sentindo os efeitos de alergia pelo contato com poeira e mofo. Cheguei , ainda , a me resfriar e ficar com a respiração bem congestionada , mas acho que foi por ter tomado banho com água quente.

Tomei um anti-gripal para amenizar os sintomas da gripe , a coriza e o entupimento nasal. Eu não podia nem pensar em parar ... era um amontoado de coisas para organizar , às vezes , nem sabiamos bem por onde começar a organização.

No "Pedrão" estava disponibilizado o atendimento com psicólogos para as vítimas das chuvas , assim como passagem pela assistente social para aquisição das doações em alimentos , em roupas e colchões. A solicitação de nova documentação também era feita neste local central de Teresópolis.

Uma coisa que me incomodou nos últimos dias de trabalho em Teresópolis , eram os "voluntários" que passavem o dia , que devia ser para ajudar os desabrigados , peneirando artigos dentre as doações para levarem pra si. Isso com roupas (queriam camisolas novas , roupas de marca , com etiqueta , etc) , sapatos (tênis Nike , Addidas , etc) , bolsas. Muito triste...mesmo. Eles diziam que precisavam ... tudo bem , mas não dá pra ser desabrigado e voluntário ao mesmo tempo , ou dá? E se der , é justo passar o dia todo em função de si mesmo e deixar de separar os produtos para o nosso cliente principal , a vítima da chuva , que está lá fora aguardando a entrega? Além de se portarem de maneira inadequada , ainda atrapalhavam o serviço já concluído , derrubando as pilhas de roupas ja´organizadas , por exemplo. Lamento por elas , que a vida lhes ensine sem dor , que o oportunismo só traz uma vantagem imediata. Lugar sagrado pra mim , eu espero que tudo o que ali foi entregue , chegue às mãos de quem necessita de verdade , não deixemos de acreditar que doar a quem precisa não atrasa a vida de ninguém, que é e sempre será um bonito gesto de solidariedade com o próximo , sobretudo pensar que ninguém está livre de necessitar , num caso de fatalidade na vida , da ajuda de outros para sobreviver e reorganizar a sua vida.
Não sei , não gostei muito de participar da mesma equipe de pessoas que trabalharam assim. Me senti enganada , usada , de verdade !!
Mas não me envenenei e dei o melhor de mim , todos os dias. , indo quase à exaustão. Chegava a iniciar os trabalhos às 08:30 horas de manhã e finalizá-los às 21 horas .... E conheci muita gente e histórias diferentes. A garota Ingrid , que também mora no Rio , foi trabalhar voluntariamente , acompanhando o avô (sr. Antônio) e a avó.
Mas todo meu esforço oferecido ilimitado e com muito carinho , a todos aqueles que tiveram uma pequena contribuição. Que a tentativa de facilitar que as doações chegassem mais rápido às famílias dos necessitados tenha se cumprido...
Desci da serra na sexta-feira (21/01/11) partindo da rodoviária às 18 horas.
O tempo estava agradável e sem sinal de chuva. Me senti presenteada pela natureza com um belo anoitecer na descida da serra para regressar , novamente , à minha cidade.

Neste momento , acredito que a ocasião na qual conheci Teresopolis foi mais proveitosa e especial do que se eu tivesse ido para fazer turismo ... obrigada Teresópolis ... por tudo !!!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

É hoje !!! Viva ... Amy Winehouse


É hoje que a diva britânica de voz inconfundível dará seu primeiro show no Rio de Janeiro (será hoje e amanhã , devido a grande procura) no HSBC Arena. Marcada por polêmicas , escandalos e uma centena de quartos quebrados , Amy é uma artista que representa nosso tempo.
Fonte: Ilustração (Internet)

... Amy Winehouse ... minha singela homenagem a uma diva !!






quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Piada de Ano Novo ... meio sem graça !!!

O que é um pontinho branco num lençol?



Uma formiga comemorando o reveillon ...

FELIZ ANO NOVO ... Feliz 2011 para todos !!!!